quarta-feira, outubro 11, 2006

para um aniversário

A palavra não respira ao mesmo tempo que o corpo
mas quando a sua pupila tem a limpidez nua
que corresponde à esfera de um claro dia
a sua perspectiva de lúcida surpresa

pode suscitar uma visão voluptuosa
à flor dos músculos que das arestas se libertam
revelando o mundo como uma branca clareira
que tivesse no centro um repuxo de espuma
e à volta arcadas brancas envoltas em folhagem

E assim o corpo sentirá a delicadeza ardente
de ser um animal do espaço e uma palavra do mundo


António Ramos Rosa